Após
serem destaque na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), os
estudantes Marcelo Abraão de Melo Ramalho e Beatriz da Costa Dantas, da Escola
Estadual João Abreu de Melo, da cidade de Baraúna, foram premiados na maior
feira internacional de ciências, a INTEL ISEF, em Los Angeles, na Califórnia,
Estados Unidos. O projeto Madeco Sabugosa, orientado pela professora Priscilla
Raquel Gurgel Rodrigues, inova com madeira ecológica feita com a reutilização
do sabugo e da palha do milho. O evento internacional aconteceu entre os dias
15 e 19 deste mês.
Para
Marcelo, estar na INTEL ISEF foi a concretização de um sonho. “Tivemos a
oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro e mesmo não sabendo nos
comunicar no idioma deles, adquirimos muito conhecimento. Foi uma satisfação
poder representar meu país e minha cidade, Baraúna. Além disso, pude levar o
nome da minha família, dos meus pais que são pessoas tão batalhadoras”,
declarou Marcelo.
Sua
companheira de projeto, a estudante Beatriz Dantas disse que nenhuma palavra
seria capaz de definir a emoção daqueles momentos. “Foi uma experiência única.
Ir aos Estados Unidos para representar nosso país, nosso estado, cidade e nossa
escola é algo maravilhoso. É algo tão diferente em nossas vidas que ainda não
consigo descrever a sensação”, afirmou Beatriz.
Segundo a
professora Priscilla Gurgel, a trajetória dos jovens de Baraúna até chegarem em
Los Angeles durou um ano. Tudo começou com a Feira de Ciências da escola, na
qual 10% dos projetos são selecionados para a etapa posterior. Em seguida, o
projeto foi aprovado para a feira de ciências da Ufersa. “Tínhamos um sonho de
ganhar uma credencial para Febrace, em São Paulo. Foi uma vitória muito grande,
um feito inédito na cidade. A intenção não era só beneficiar Marcelo e Beatriz,
mas que isso tivesse uma expressão a ponto de motivar professores e outros
alunos”, disse a professora.
Ao chegar
na Ufersa, os estudantes receberam a tão sonhada credencial para a Febrace. “Lá
eram mais de 300 projetos dos alunos das melhores escolas brasileiras. Foi
muito importante. E lá, conseguimos ser selecionados para a feira
internacional”, explicou. Segundo a
professora, Marcelo e Beatriz sempre foram bons alunos e já davam sinais de que
iriam trilhar um bom caminho. “Eu já sabia que um dia eles entrariam na
Universidade. São jovens da Zona Rural, moram num local afastado da cidade, mas
em nenhum momento pensaram em desistir do projeto. São alunos maravilhosos e
perseverantes. A ideia foi deles, o protagonismo é todo deles. Meu único papel
foi abrir os caminhos para que eles fizessem o que já sabiam fazer”, declarou.
ESTÍMULO
“Eu nem
sei se esses meninos sabem descrever o que viveram. Foi uma abertura de
horizontes”, declarou a professora Priscilla. Segundo ela, a iniciação
científica é um passo muito importante na utilização do conhecimento do aluno.
“Muitas vezes ele está aprendendo coisas que não sabe como aplicar. Quando esse
conhecimento passa a ser aplicado as portas se abrem e o resultado é esse”,
afirmou. Para a orientadora de Marcelo e Beatriz, o resultado atingiu
diretamente os dois alunos idealizadores do projeto. Mas, indiretamente, a
escola, a região, a zona rural e toda a Educação do RN ganharam com esse feito.
A
professora disse que pretende continuar trabalhando na iniciação científica,
independente de premiações. “Sempre trabalhei com meus alunos como se todos os
dias pudéssemos alcançar alguma coisa. Continuo estimulada a trabalhar, dar
novos horizontes para todos os meus alunos. Minha honra é profissional. Não
ganhei nada material, mas ganhei um estimulo maior, para continuar acreditando
na nossa Educação”. declarou.
EXPERIÊNCIA
A INTEL
ISEF é a maior feira científica do mundo e, na mais recente edição,
participaram alunos de 78 países. Segundo Priscilla, foram mais de 1400
projetos de mais de 1700 estudantes. “Era um cenário muito difícil para um
nordestino da zona rural de Baraúna, sem tecnologia de ponta. Existiam coisas
lá que nós nunca havíamos visto aqui no Nordeste. Quando chegamos que nos
deparamos com aquela realidade, ficamos assustados”, disse.
Priscilla
informou que Marcelo e Beatriz passaram por um treinamento para apresentar o
projeto em inglês e também passaram por uma banca de avaliadores específicos.
“Ser premiado é muito difícil e muito honroso. Numa escala maior, a Educação do
RN ganha com isso e numa escala menor, todos da nossa escola”, disse Priscilla.
PROJETO
O projeto
desenvolvido, "Madeco Sabugosa", é uma madeira ecológica oriunda
principalmente da reutilização do sabugo e da palha do milho, onde está tem boa
resistência, alta capacidade de impermeabilidade e viabilidade de produção.
Desenvolvida com o objetivo de dar-se um destino aos resíduos provenientes do
milho, visto que o Brasil é um dos grandes produtores de milho, e parte de sua
produção é composta pelo sabugo e pela palha, que não apresentam um destino
fixo, sendo muitas vezes queimados, servindo de pastagem ou descartados no
campo de plantação. Para amenizar os problemas, tanto o
desmatamento, quanto o acúmulo de ‘‘lixo vegetal’’ formados pelos resíduos do
milho, desenvolvemos a Madeco Sabugosa.