A
desoneração de impostos adotada pelo Governo Federal como forma de
incentivar a indústria teve como consequência uma frustração de
repasses equivalentes a R$ 1,93 bilhão, para os municípios do Rio
Grande do Norte, no período de 2008 a 2012. O cálculo é feito a
partir da arrecadação que foram renunciadas com os incentivos
tributários concedidos para empresas dos setores automotivo e da
“linha branca”.
A
pesquisa foi divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios e
está sendo usada como argumento para a necessidade de um novo pacto
federativo. A estimativa da entidade é que, de 2008 a 2012, R$ 707
milhões saíram (ou deixaram de entrar na contabilidade) dos
pequenos municípios potiguares, aqueles com menos de 10.188
habitantes, os mais dependentes das transferências constitucionais.
No
caso da pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos
Municípios, as prefeituras de Parnamirim e de Mossoró tiveram uma
frustração semelhante no período de 2008 a 2012: R$ 78,5 milhões.
São Gonçalo do Amarante foi atingido com R$ 31 milhões nesses
quatro anos.Nos
números divulgados, a Confederação Nacional dos Municípios deixa
claro que esses valores são projeções estatísticas. Mas elas são
próximas de outro levantamento já divulgado do Tribunal de Contas
da União.
De
acordo com o TCU, com as desonerações, a União deixou de arrecadar
em Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) entre 2008-2012 mais de R$ 327 bilhões. Estados, Distrito
Federal e municípios deixaram de receber repasses da ordem de R$ 190
bilhões. A região Nordeste, sozinha, deixou de receber R$ 68
bilhões.A
queda de transferência ocorre porque a renúncia fiscal é,
principalmente, em tributos como IPI, IR e Imposto de Renda e
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre
os combustíveis, inclusos nas transferências legais da União para
as cidades e unidades da Federação.
Parte destes impostos compões
o Fundo de Participal dos Municípios, uma das principais fontes de
recursos para algumas prefeituras. Quando o governo federal incentiva
a economia com desconto no IR e IPI, há uma queda no repasse das
transferências legais, como FPM, o que encolhe o orçamento de
governos estaduais e municipais.
Essa
implicação das desonerações tem motivado a discussões de
mudanças no “pacto federativo”. “As desonerações foram
perversas. Precisamos encontrar uma conta, em que se possa fazer uma
média de contribuição em função dos descontos nos impostos para
não prejudicar os estados e municípios que não são grandes
produtores de bens e serviços”, afirmou o presidente da Comissão
Especial da Câmara dos Deputados que discute uma proposta para um
novo pacto.
Fonte: Jornal Tribuna do Norte
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