O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta sexta-feira, por meio de nota, que, em vez de "tentar encobrir" suas responsabilidades, a presidente Dilma Rousseff deveria "fazer um exame de consciência" sobre supostos erros que cometeu na gestão da Petrobras.
A nota foi resposta a uma declaração de Dilma, que situou em 1996 e 1997 [anos do governo FHC] a origem do esquema de corrupção na Petrobras. "Se tivessem investigado e tivessem naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante mais de 20 anos praticando atos de corrupção", afirmou a presidente.
Segundo FHC, a petista foi "descuidada" ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), na época em que presidia o conselho de administração da estatal.
"A excelentíssima presidente da República deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso, fazer um exame de consciência e assumir que pelo menos foi descuidada ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor", escreveu o ex-presidente no comunicado.
Antes de Fernando Henrique se manifestar, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista na qual afirmou que Dilma parece "querer zombar" dos brasileiros ao apontar a origem da corrupção na Petrobras no governo FHC.
O ex-presidente afirma na nota que o caso da Petrobras é um "processo sistemático" que se desenvolveu nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, os quais responsabilizou pela nomeação dos ex-diretores acusados de corrupção.
"Não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministro de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de se conluiarem com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, com o propósito de desviarem recursos em benefício próprio ou partidários", diz o texto da nota.
Um dos delatores da Operação Lava Jato, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça relatou em juízo que o "clube" de empreiteiras que dividia entre si obras da estatal passou a combinar resultados de licitações desde meados da década de 1990, quando o país era governado por FHC.
Mendonça, no entanto, contou à Justiça que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, segundo ano do governo Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010). De acordo com o executivo da Toyo Setal, foi neste momento que as construtoras passaram a negociar com os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque – ambos investigados pela Lava Jato – e começou a ocorrer cobrança de propina para que as empresas obtivessem contratos.
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